Essa semana me deu uma coisa e eu troquei a imagem de um de meus posts.
O problema é que se tratava de uma foto minha, na qual eu estava
vestindo um top tomara que caia e bati a foto de um ângulo que só dava
pra ver meus ombros. O efeito final ficou parecendo que eu estava sem
roupa. Apesar da foto ter saído super legal e de ter ficado perfeita pro
post, resolvi tirar do blog depois de refletir um pouco sobre como as
pessoas aqui encaram questões de privacidade e auto exposição na
internet. Isso veio porque no mês passado li um artigo em uma revista daqui
que falava dos perigos de se usar Facbeook, Twitter e Co. e de
pessoalmente contribuir com os invasores de privacidade por se expor
demais na internet. O artigo expressava bem o que é uma preocupação
constante do alemão: o medo de que sua privacidade seja invadida e seus
dados repassados a terceiros através desses sites que viraram parte de
nossa vida diária.
Em termos de exposição, eu me considero
bem coluna do meio, ou seja: sei que estou longe de ser a pessoa mais
reservada do planeta, afinal quem não quer aparecer de jeito nenhum não
tem blog, não é mesmo? Por outro lado, não sou a pessoa mais super exposta do mundo. No entanto, o
pavor que alguns alemães sentem da exposição cibernética, tem me deixado
meio paranóica. Fico me perguntando se de repente não estou cega sem
saber o tamanho do risco que estou correndo ao me conectar.
Quando comparo meus amigos brasileiros
com os alemães, minha confusão só aumenta. Os brasileiros fazem uso de
absolutamente TODAS as tecnologias e redes sociais disponíveis no mundo sem o menor
receio. Eu adoro, claro porque posso ver todas as fotos, saber de tudo
que tá se passando e aprender. Sim, porque foram meus amigos brasileiros
que me apresentaram ao Orkut e mais tarde ao Facebook. Se não fosse por
um deles,
estaria até hoje sem entender que cargas d'água era Twitter. Através
deste mesmo amigo, conheci há pouco tempo o termo Formspring. Ainda não
entendi direito pra que isso pode ser útil na vida de um ser humano, mas
pelo menos me sinto menos ignorante por pelo menos já ter ouvido falar
no nome da coisa.
Meus amigos brasileiros pelo visto não
estão nem aí. Eles tem blog, fotolog, Formspring, Twitter, Facebook,
Orkut, Skype, Myspace, emails mil, fazem compras online, usam internet
banking e tem um celular de cada operadora atuante no país. O que me
leva a achar que se essa tecnologia toda fosse assim tão malígna, muita
gente já teria se dado muito mal. No entanto parece que até agora a
única incoveniência que essa exposição toda causa são alguns emails
indesejáveis que vão parar na lixeira e acabou.
Meus amigos alemães, por outro lado,
ficam chatedos de verdade se você coloca uma foto da galera toda
comportada no Facebook, por exemplo. Já ouvi estórias escabrosas de
amizades que terminaram porque uma pessoa colocou uma foto da outra no
StudiVZ (uma espécie de Orkut daqui), ou porque escreveu no status do
Facebook "o encontro com fulaninho ontem no café tal foi ótimo". Eu
respeito muito a privacidade de cada um e por isso depois de já ter
visto muita cena feia por aqui, resolvi que não vale a pena tirar minha
câmera da bolsa pra fazer foto de ninguém aqui.
Não tiro foto de alemão, não comento sobre eles em site nenhum e no Facebook, me limito a aceitá-los quando me convidam, mas nunca procuro nem escrevo pra ninguém e só respondo o que me perguntam. Essa paranóia tira um pouco a graça e o sentido da coisa, mas não tenho energia pra ter discussões filosóficas sobre o valor da privacidade depois de cada visita ao Facebook, por isso deixa quieto.
Não tiro foto de alemão, não comento sobre eles em site nenhum e no Facebook, me limito a aceitá-los quando me convidam, mas nunca procuro nem escrevo pra ninguém e só respondo o que me perguntam. Essa paranóia tira um pouco a graça e o sentido da coisa, mas não tenho energia pra ter discussões filosóficas sobre o valor da privacidade depois de cada visita ao Facebook, por isso deixa quieto.
As coisas ficam ainda mais confusas pra
mim quando vejo que muitas vezes as mesmas pessoas que se chateiam
quando descobrem que alguém divulgou no Facebook fotos na qual aparecem
no cantinho, não pensam duas vezes em se registrarem em sites
especializados em busca de relacionamento amoroso. Sites nos quais a
pessoa, não só voluntaria informações pessoais, como também efetivamente
acabam se encontrando com pessoas completamente desconhecidas. Isso faz
sentido? Qual a diferença? Será que alguém pode me explicar.
Eu pessoalmente só encontro uma
justificativa: Em um país onde a criminalidade não é assim tão grande
que você tenha de viver com medo de ser alvo de sequestrador, essa
preocupação exagerada com a privacidade só pode significar que essas
pessoas estão andando por aí se comportando muito mal. Andam tão
preocupadas com a privacidade porque tem muita coisa a esconder, desde
bebedeiras descontroladas e constrangedoras a casos de infidelidade e
traições escabrosas. Se além de ter tanto segredo a pessoa ainda der
azar de sair sempre muito feia nas fotos, entendo completamente essa
recusa de se expor. Só tenho essa explicão. Ou não estou conseguido
exergar outras questões muito mais complexas? Quem me exclarece?
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