domingo, 8 de março de 2020

Impostora?


Todo mundo tem uma amiga maravilhosa, linda e inteligente. Essa amiga, é uma pessoa que teve uma carreira profissional espetacular, que é sensível e cuidadosa com as outras pessoas, que faz o seu dia render de forma espantosa se envolvendo em um milhão de atividades. Ela é, no geral,  aquela que faz todo mundo se perguntar como é que ela consegue fazer tanta coisa, saber tanta coisa e estar sempre lá quando as outras pessoas precisam. Se você está pensando que não tem uma amiga assim, então sei lá, talvéz você é que seja essa mulher no seu grupo. O que eu sei é que em todo grupo sempre tem uma ou mais mulheres assim.


O detalhe perturbador em relação a essa mulher, é que ela sempre escuta que ela é maravilhosa, mas alguma coisa dentro dela nunca permite que ela acredite muito nisso. Ela pode até ter uma noção de que conquistou muita coisa ao olhar para seu currículo, para os seus filhos crescendo, para a sua casa arrumada e ao olhar ao seu redor e constatar suas conquistas mais evidentes. Mas essa certeza, para ela, nunca é realmente incontestável. Na maior parte do tempo ela duvida mesmo de si e questiona constantemente a sua forma de fazer as coisas. 

Ela sempre acha que ainda deveria fazer mais um curso antes de tentar aquela vaga de emprego, estar mais presente na vida dos filhos, preparar melhor suas aulas, ter batido aquele bolo um pouco mais, economizado mais, malhado mais, falado mais baixo, ter resolvido aquela situação no trabalho de forma diferente. Ela compara suas conquistas com as de outras pessoas em lugares e situações muito diferentes do dela e se sente indequada, desajeitada e sempre um passo atrás.

Talvéz essa mulher sofra do que se se convencionou chamar de “Síndrome da Impostora”. Ela olha pra si mesma e para todas a suas conquistas e não consegue dar o valor real que elas tem, sempre sentindo que o que faz ainda não é  bastante. Ela precisar produzir mais, ser mais, prover mais e melhor sempre. 

Tem aquela vaga de emprego que os amigos e amigas dizem que seria perfeita pra ela? Ela é a primeira a duvidar de sua capacidade de encarar esse desafio. Ela é elogiada por algo espetacular que criou? “Que nada” diz ela, “Nem foi tão complicado assim.”


Essas mulheres que duvidam de seus talentos e habilidades e vivem questionando seus feitos e diminuindo suas conquistas, sou eu, é você, é a sua mãe, sua vizinha, sua chefe. Essa mulher somos todas nós. 
Como é que a gente chegou aqui nesse ponto de não acreditarmos em nosso poder? A resposta não é simples e vem sendo construída através de séculos. Nós mulheres somos treinadas para superar tudo, vencer todos os desafios que a vida nos apresenta e ainda chegar ao final achando que não foi nada. Precisamos dar um basta nisso!

Nós mulheres precisamos urgentemente aprender a olhar para as nossas próprias histórias e para as histórias de nossas pares com a admiração e o respeito que essas trajetórias merecem. A gente gera, cria, produz, entende, conserta, cai, levanta, segue, transforma e faz muito mais o tempo todo. Precisamos aprender a honrar isso e nos autorizar a dizer: Sim eu posso, eu sei, eu faço, eu sou a melhor nisso sim, e muito obrigada. Sem mas, sem explicações, sem desculpas e sem olhar pra baixo. 

Impostoras aqui só são mesmo as lógicas sociais que nos oprimem. Que a gente possa celebrar as nossas histórias, nossas conquistas e o nosso dia.


Feliz 8 de Março para todas nós!


2 comentários:

  1. Concordo com tudo q vc falou. Amei amiga.

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  2. Pois é! Todas temos talentos diferentes, somente temos que acreditar e explorar nossas habilidades

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