domingo, 4 de setembro de 2011

Choque musical


Quem disse que é preciso sair do próprio país pra se ter um choque cultural? Recentemente tive o prazer de vistar a Cidade Maravilhosa com a minha família e tive algumas experiências interessantes. A que eu quero relatar aqui hoje é de ordem musical. Quando estavamos no Rio, tivemos o prazer de conhecer pessoas muito legais que nos ofereceram experiências maravilhosas naquela cidade espetacular (um grande abraço pra Norma, Seu Raimundinho e Lena. Cláudia, valeu por nos ter apresentado!!). Eu disse que tinha curiosidade de ver um Baile Funk e Lena, mais do que depressa arrumou um pra gente ir. Ela contou que ia ter um show de pagode e que nos intervalos e no final do show rolava o funk.

Quando ela falou em pagode, imaginei algo assim como “Foge, foge Mulher Maravilha, foge,foge com o Superman”. Baixaria pura, foi o que pensei, mas como minha filosofia de vida é “se foi pro funk, vá descendo até o chão”, coloquei minha roupa de piriguete e me juntei à galera pra ir pro baile. Chegando lá, não me deixei incomodar pelo fato de o nosso grupo ser prehistórico em comparação com os adolescentes que estavam lá. Fui chegando e chacoalhando meu esqueleto. Meu primeiro contato com o mundo funk carioca me deu a impressão que a mídia o tratava com muita injustiça e exagerava muito os fatos. Não achei as danças escabrosas e nem me senti no meio do inferno. Tudo muito normal, adolescentes se divertindo, explorando sua sensualidade com outros adolescentes de forma muito saudável, foi o que pensei.

Mas aí o show da banda de pagode começou e minhas elocubrações deram espaço ao meu primeiro choque cultural com a cultura carioca. Não ouvi o que eu achava que ia ouvir. O que os cariocas chamam de pagode é o que nós baianos simplesmente chamamos de samba. Tenho que admitir que foi uma surpesa agradável. Os pagodeiros cariocas tocaram “Tudo está no seu lugar” de Benito de Paula e “Testamento de um partideiro” de Candeia. Naquele instante me lembrei de uma aula que tinha recebido alguns anos antes de meu priminho querido Samyr. Samyrzinho do Cavaco, nascido e criado no estado de São Paulo, já tinha me advertido para certas diferenças na nomenclatura musical das regiões sudeste e nordeste de nosso Brasil. O que eles chamam de pagode pra gente é samba, o que a gente chama de pagode para eles é Axé e essa miséria toda é música baiana. Faz sentido. Ainda na mesma aula ele chamou minha atenção pra não queimar meu filme falando asneiras do tipo “banda de samba”. Se toca samba é grupo, Cris. Grupo de samba.


Depois de relembrada a lição e de ter dançado muito ao som do samba, quer dizer, pagode, ou melhor samba, ah vocês entenderam, né? Foi a vez do funk mostrar sua verdadeira cara. Não sou uma pessoa que se choca fácil com as coisas, mas as letras daquelas músicas fizeram meu cabelo arrepiar. As danças eram de fazer o pessoal de Sodoma e Gomorra corar de vergonha. Me encostei na parede pra proteger a retaguarda e bati em retirada, afinal de contas como diria o sábio filósofo Roger Murtaugh “I’m too old for this shit”.
 
Apesar de ter ficado chocada com o lirismo do funk, teve uma música que apesar de baixaria me fez dar boas gargalhadas. O vídeo é besta, mas se apreciam uma boa baixaria, vale a pena escutar: MC Duzinho, "Vou morar no cabaré

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