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De vez em quando tenho umas fases mô bara de vida. Não sei exatamente de
onde vem o termo, mas acredito que foi cunhado por meu amigo René. Mô bara é uma pessoa que anda descalça,
abraça árvores, fala que gostou ou não gostou de alguém por causa da energia e
agradece falando “gratidão”.
Vira e mexe eu tenho umas fases
dessas. Na verdade, acho que minha vida seria assim permanentemente se não
fosse por um pequeno detalhe: aparentemente, ser espiritualizada e ter
consciência política/social são duas coisas excludentes.
Há pouco tempo, notei que tudo
quanto é de autor e autora de autoajuda que gosto defende a teoria de que devemos
evitar negatividade, principalmente nas primeiras horas do dia. Para isso, sugerem
que se evite ler notícias porque elas são sempre negativas e essa negatividade
toda atrapalha nossa própria energia.
Eu até entendo isso, mas e aí? É pra
gente viver completamente alienado e alienada em relação aos eventos, sejam eles mundiais ou locais? Eu não consigo
conceber uma espiritualidade que ignora o coletivo.
Concordo que o mundo anda muito
negativo. As notícias são de fazer qualquer pessoa não querer nunca mais sair
da cama. No entanto, fico me perguntando se só existem mesmo duas opções:
cuidar da espiritualidade e ser alienada versus
ser politizada e completamente desconectada da espiritualidade.
Pessoalmente, não consigo entender
uma espiritualidade baseada no desinteresse pelo mundo do qual fazemos parte.
Eu acredito que sou parte do todo e que esse todo está em mim. Sendo assim,
ignorar o mundo seria ignorar esse todo do qual eu faço parte e isso, ao meu
ver, não está em concordância com uma espiritualidade plena.
Eu, claramente, necessito desses
dois elementos na minha vida. Só ainda não sei ao certo como podem coexistir em
harmonia dentro de mim. Por isso é que
meu mô barismo vem em fases. Por
vezes estou mais centrada, mais conectada comigo mesma e outras vezes estou
mais antenada com os acontecimentos ao meu redor, me engajo mais, consigo
participar de forma mais ativa das questões políticas e sociais cotidianas.
Essa dicotomia me inquieta.Queria conseguir viver uma
espiritualidade plena, que para mim significa me manter bem informada sem
deixar que a negatividade das notícias interfiram em meu humor, na minha
energia e na minha fé na humanidade. Alguém aí sabe como se faz isso?