Todo mundo
tem uma amiga maravilhosa, linda e inteligente. Essa amiga, é uma pessoa
que teve uma carreira profissional espetacular, que é sensível e cuidadosa com
as outras pessoas, que faz o seu dia render de forma espantosa se envolvendo em um
milhão de atividades. Ela é, no geral, aquela que faz todo mundo se perguntar como
é que ela consegue fazer tanta coisa, saber tanta coisa e estar sempre lá quando
as outras pessoas precisam. Se você está pensando que não tem uma amiga
assim, então sei lá, talvéz você é que seja essa mulher no seu grupo.
O que eu sei é que em todo grupo sempre tem uma ou mais mulheres assim.
O detalhe
perturbador em relação a essa mulher, é que ela sempre
escuta que ela é maravilhosa, mas alguma coisa dentro dela nunca permite que ela
acredite muito nisso. Ela pode até ter uma noção de que
conquistou muita coisa ao olhar para seu currículo, para os seus filhos crescendo,
para a sua casa arrumada e ao olhar ao seu redor e constatar suas conquistas mais
evidentes. Mas essa certeza, para ela, nunca é realmente incontestável. Na maior parte do
tempo ela duvida mesmo de si e questiona constantemente a sua forma de fazer
as coisas.
Ela sempre acha que ainda deveria fazer mais um curso antes de tentar
aquela vaga de emprego, estar mais presente na vida dos filhos, preparar melhor suas aulas, ter batido aquele bolo um pouco mais, economizado mais, malhado mais, falado mais baixo, ter resolvido
aquela situação no trabalho de forma diferente. Ela
compara suas conquistas com as de outras pessoas em lugares e situações muito diferentes do dela e se sente indequada, desajeitada e sempre um
passo atrás.
Talvéz essa mulher sofra do que se se convencionou chamar de “Síndrome da Impostora”. Ela
olha pra si mesma e para todas a suas conquistas e não consegue dar
o valor real que elas tem, sempre sentindo que o que faz ainda não é bastante. Ela precisar
produzir mais, ser mais, prover mais e melhor sempre.
Tem aquela vaga de emprego que os
amigos e amigas dizem que seria perfeita pra ela? Ela é a primeira a duvidar de
sua capacidade de encarar esse desafio. Ela é elogiada por algo espetacular que
criou? “Que nada” diz ela, “Nem foi tão complicado assim.”
Essas mulheres
que duvidam de seus talentos e habilidades e vivem questionando seus feitos
e diminuindo suas conquistas, sou eu, é você, é a sua mãe, sua vizinha,
sua chefe. Essa mulher somos todas nós.
Como é que
a gente chegou aqui nesse ponto de não acreditarmos em nosso poder? A
resposta não é simples e vem sendo construída através
de séculos. Nós mulheres somos treinadas para superar tudo, vencer todos os
desafios que a vida nos apresenta e ainda chegar ao final achando que não foi nada. Precisamos dar um basta nisso!
Nós
mulheres precisamos urgentemente aprender a olhar para as nossas próprias
histórias e para as histórias de nossas pares com a admiração e o respeito que essas trajetórias merecem. A gente gera, cria, produz,
entende, conserta, cai, levanta, segue, transforma e faz muito mais o tempo todo. Precisamos aprender a honrar isso e nos autorizar a dizer: Sim eu posso, eu
sei, eu faço, eu sou a melhor nisso sim, e muito
obrigada. Sem mas, sem explicações, sem desculpas e sem olhar pra
baixo.
Impostoras aqui só são mesmo as lógicas sociais que nos oprimem. Que a gente possa celebrar as nossas histórias, nossas conquistas e o nosso dia.
Impostoras aqui só são mesmo as lógicas sociais que nos oprimem. Que a gente possa celebrar as nossas histórias, nossas conquistas e o nosso dia.
Feliz 8 de Março para todas nós!