sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ai,ai meu povo - Espontaneidade

O meu povo é de uma espontaneidade incrível. Isso me encanta e irrita. Deixa eu dar um exemplo: outro dia eu estava indo a pé para um supermercado pertinho aqui de casa. Passei por uma senhora andando com certa dificuldade, que assim que me viu passar por ela, com a agilidade que me cabe no auge de meus trinta e poucos anos, proferiu um desesperado "Ô minha filha, espera aí! Vem cá, faz um favor." Voltei e aí fui testemunha do tipo de espontaneidade que me encanta. A senhorinha, me diz "Corre ali e avisa aquela moça de blusa listrada pra me esperar que eu estou chegando. Eu não posso correr minha filha, cê me faz esse favor?."Claro que eu atendi ao pedido e enquanto fui tentar alcançar a conhecida dela, fui ouvindo mil gritos de obrigada e deus lhe page.

Tem ainda o tipo de espontaneidade de meu povo que é super criativa e divertida. Tipo a que motivou alguém a escrever esse recado aí abaixo e colar numa caixa telefônica no meio da rua. Imagino mil cenários diferentes pra justificar essa cena. Mas seja qual for a explicação a certeza que fica é que brasileiro não se aperta, né?


Infelizmente nossa espontaneidade não é so do bem. Tem várias situações nas quais o brasileiro, e em especial o baiano, exagera nela. Tipo assim, tem uma fila enorme, uma pessoa passa por todo mundo, vai direto ao caixa e começa a fazer mil perguntas, contar toda sua estória e porque está ali, tirar suas dúvidas e o que mais ocorrer. O funcionário por sua vez, flexível como ele só, continua a atender o cliente à sua fente, mas divide sua atenção para responder as perguntas e ouvir o bla bla bla do enxerido recém-chegado, que não se toca que pode também ter todas as suas perguntas respondidas quando chegar a sua vez.

Nesses momentos me bate a saudade da Alemanha. Lá as pessoas esperam pacientemente na fila até serem chamadas pelo(a) atendente e fazem isso sem ficar cheirando o cangote da pessoa logo à frente. O atendente por sua vez, pode até dar uma informação a um cliente fora da fila, coisa do tipo é esta ou não a fila na qual o senhor deve entrar pra resolver seu problema, qualquer coisa além disso deixa eles completamente confusos e irritados. Por isso eles tem uma habilidade impressionante de ignorar as pessoas que estão ali do lado tentanto resolver seu problema de finininho sem entrar na fila. No entanto, quando chega a sua vez, você tem a atenção deles individida, por quanto tempo você precisar, sem cara feia, sem impaciência, com raríssimos erros e com muita eficiência.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ai, ai meu povo - como tudo vira "inho"

Existem muitas coisas legais de se voltar pra casa. Além das óbvias tipo rever os amigos, a familia, comer as comidas de que se gosta, tem a delícia de se poder digitar os acentos sem complicações ao escrever esse texto e de ouvir o sotaque de minha terra com o ouvido fesquinho. De repente, consigo perceber do que as pessoas falam quando falam do sotaque baiano e quer saber de uma? É cantado, é engraçado e é lindo, viu...

Faz tempo que havia uma propaganda de uma emissora de TV aqui na Bahia, falando das coisas boas do estado e que finalizava dizendo "isso com certeza só se vê na Bahia" e de fato tem coisas que só se vê e vive aqui mesmo. Quer um exemplo? Outro dia liguei pra um banco porque precisava resolver uma situação, e o diálogo que se seguiu foi mais ou menos assim:

BANCO: Banco tal e tal Andea, boa tarde.
EU: Boa tarde Andrea, preciso resolver isso, isso e isso, é ai com vocês mesmo?
BANCO: É sim, qual o nome da senhora?
EU: É Cristiane.
BANCO: Aguarda só um minutinho Cris, que eu vou resolver.

Aqui na Bahia em menos de cinco minutos a funcionária de um banco já estava me tratando por um apelido carinhoso. Depois de tanto tempo de Alemanha, foi gostoso me relembrar de como nosso povo não aguenta formalidade por muito tempo e transforma tudo em "inho". Devagar vira devagarinho, um pouco vira um pouquinho e mãe vira mainha. A funcionária do banco ter me chamado de Cris, não significa que ela estava tomando liberdades ou "ozadia", como a gente diz aqui. Significa simplesmente que ela deve achar que pra meus amigos e família eu sou mesmo é Crisinha e Cris só é uma consequência natural do nome Cristiane e ela tem razão. Aqui em Salvador eu sou Cris oficialmente e tenho uma série de nominhos bonitinhos pra meus amigos e minha família. Só agora sinto o quanto estava sentindo falta dessa versão mais suave e menorzinha de mim.