Imagem: Pixabay |
Minha primeira máquina de
datilografia era linda, compacta, tinha uma capinha estilosa, era verdinha e, apesar
de seus 10 quilos, era considerada portátil pros padrões da época. Eu arrastava
meu trambolhinho verde pra toda parte, toda orgulhosa, me sentindo por “ser escritora”.
Ai, como eu me achava...
Com o tempo, comecei a
encarar o que eu escrevia com mais senso crítico e memancol, então não demorou
muito pra perceber que não escrevo assim tão bem, que erro gramática descarada
e preguiçosamente e que a criatividade não anda muito do meu lado. Mas gosto de
me expressar por meio da escrita e nunca pensei que devesse parar só por escrever
assim mais ou menos. Fale sério, será que alguém deve parar de dançar só porque
dança mal? Parar de cantar pelo mesmo motivo? Eu acho que não. Faça o que te
faz feliz, eu hein...
Eu sempre escrevi e sempre
guardei a sete chaves tudo que escrevia. Em parte porque sempre soube que minha
escrita não era essas coisas todas e também porque o que escrevo é muito meu
mesmo. Meus textos são tão pessoais que muitas vezes até me surpreendo quando
alguém curte o que eu escrevi. É bom saber que tem outras pessoas que pensam
parecido com a gente.
Quando eu fui pra Alemanha,
meus amigos me perguntavam muito sobre a vida lá e eu me via constantemente
respondendo às mesmas coisas. As curiosidades eram parecidas, as respostas,
repetitivas. Por isso resolvi fazer este blog. No início, era uma forma de
contar pra meus amigos um pouco de minha vida em Bremen. Era saciar a
curiosidade de meus amigos ao mesmo tempo em que tinha a desculpa perfeita pra
meu hobby existir. E daí não parei mais de escrever. Só que dessa vez, em vez
de escrever pra lata do lixo, passei a escrever para relembrar e pra meus amigos
também.
Amigos são pessoas sem noção
e muitos deles começaram a elogiar meus textos, passaram a acompanhar meu blog
e a exigir updates. Meu ego adorava aquilo apesar de saber que amigo exagera. Danei
a escrever mais e, com o tempo, passei até a gostar genuinamente de um textinho
aqui outro ali. Acabei tomando coragem pra deixar mais gente ver o que escrevo por
meio das redes sociais, e essa decisão me mostrou que compartilhar o que
escrevo além de meu círculo de amigos tem vantagens e desvantagens.
Entre as vantagens, incluo
conhecer gente nova, mesmo que somente virtualmente, que tem vivências e visões
de mundo parecidas com as minhas ou que sentem empatia com alguma coisa que eu
escrevi. É bacana também quando alguém diz que passou a entender alguma coisa
ou a pensar sobre um determinado tema de forma diferente depois que leu algum
post aqui. Como professora nata, confesso que me derreto com essas coisas.
Mas escrever pra um blog
exige também muita organização, que eu nem sempre tenho, uma série de
bloquinhos, apps e estratégias para capturar ideias e textos que me surpreendem
nos momentos mais incovenientes, paciência e sangue frio pra lidar com certas
figuras da internet. Mas isso aí dá muito assunto pra outra postagem.
Tenho me perguntado muito
pra que continuar escrevendo este blog. A resposta é que meu amor por hobbies
criativos se juntou ao hábito. Sempre escrevi, só que os textos que antes eram
produzidos em minha maquininha de escrever e que iam parar em um caderno-fichário,
ou nas latas de lixo da casa, hoje surgem aqui de meu computador e vão ficando
por aqui para quem interessar possa. O que, quando menina, por pura insegurança,
eu escondia hoje mostro numa boa por acreditar que no que eu escrevo está o que
eu acredito, revela-se também um pouco do que me atrai como leitora e muito de quem
eu sou. Do auge de meus 38 anos, não consigo encontrar nenhuma razão para me
envergonhar, tratar o que eu produzo como lixo e me esconder disso.
Nina, obrigada mais uma vez pela revisão:-)
Nina, obrigada mais uma vez pela revisão:-)