Muita gente concorda que
esses e mails corrente que circulam por aí com mensagem pps em anexo são
um saco. Pouca gente ainda se dá ao trabalho de abrir essas mensagens,
mas uma vez ou outra, convencidas pelo título da mensagem ou pela pessoa
que a enviou, assim como muita gente, eu acabo abrindo algumas delas.
Um tema bem popular entre esses powerpoints, é a indignação que alguns
sentem com o Brasil e a admiração pelos países Europeus, onde segundo
essas mensagens as coisas são sempre as mil maravilhas.
Apesar de amar tanto o
Brasil quanto a Alemanha, procuro enxergar os dois países com olhos bem
críticos. Na minha opinião nem um nem o outro é perfeito, mas dependendo
de certos valores pessoais e visão de mundo de cada um, a vida pode
ser mais fácil aqui ou lá. O brasileiro, principalmente aquele que é
certinho e cumpre seus deveres sociais, se sente frustrado com a falta
de eficiência e transparência com as quais as coisas às vezes rolam no
Brasil. Os que tem a chance de vir à Europa acabam se apaixonando. E
parece que quanto menor a permanência maior a paixão, porque como
turista, raramente dá tempo de ver além da perfeição das estradas, da
pontualidade, das ruas limpas, das pessoas falando baixinho, da sensação
de estar seguro na ruas onde não se vê criança pedindo nem ninguém
sendo assaltado. No entanto, sou bastante cautelosa quanto a essas
mensagens que deixam uma sugestão no ar de que a Europa está cheia de
gente boa e civilizada e que o povo brasileiro é um bando de mau
educado, mau intencionado e aproveitador.
Eu acho que o mundo está
cheio de gente boa e gente ruim e essa distribuição obedece a um
critério diferente que o simplesmente geográfico. Para mim gente boa ou
gente ruim é mais uma questão de circunstância. Ser gente boa ou gente
ruim depende da situação e não da nacionalidade.
Tem um monte de
brasileiro que não aguenta mais o Brasil, assim com tem um monte de
alemão que não suporta a Alemanha. Conheço um monte que assim que pode,
se mandou daqui e nem de férias quer voltar. Se existisse essa coisa de
país perfeito ou gente boa, ninguém ia querer ir embora dessa terra de
faz-de-conta e o resto do mundo, com certeza ia querer se juntar a
eles.
Esses conceitos de país perfeito e gente boa, se é que que isso existe, são
relativos às necessidades de cada um. Pra quem tem de contar
constantemente com o risco de ser assaltado, perfeito é andar na rua sem
ter medo. Pra quem vive cercado de placas e regras, perfeito é poder
agir com flexibilidade e espontaneidade.
Faz um certo tempo que uma
amiga me mandou um desses e mails com uma mensagem de powerpoint em
anexo, no quais maravilhas eram ditas sobre a Alemanha e onde se
subtendia um certo desgosto pelo brasileiro. Neste mesmo e mail, minha
amiga deixou bem claro que entendia que as coisas não são tão preto no
branco assim e sugeriu uma brincadeira de verdadeiro ou falso. Resolvi
aceitar a brincadeira como forma de oferecer minha contribuição na
interminável tarefa de desconstruir esse estereótipo de gente civilizada
européia versus os mau educados dos trópicos. Aguardem os próximos posts...